quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Despertar

Acordei ainda noite pensando que era de manhã e antes que abrisse os olhos fui atacada por aquilo, que não sei o que é. Foi como um insight, de onde as ideias surgem, eureca é dita, mesmo quando as coisas parecem ser óbvias demais. Foi sobre poesia. E sobre poetas, coisa que não almejo ser. Senti como se sentiram todos eles nas suas mais atormentas agonias. Tive o prazer de experimentar a dor poética. Não abri os olhos, pra ver se permanecia. Quando não achei suficiente e resolvi colocar uma música, um pouco pior e mais dolorosa, como se quem a tivesse escrito temesse tanto a dor e a solidão, quando o amor, quanto a morte. Hoje eu senti o que os poetas, aqueles de verdade que nos fazem chorar com todo aquele lero lero, sentiram e sublimaram. Sublimaram tanto que não morreram disso, morreram de tuberculose. Porque todos eles suportaram. Sequer enlouqueceram.
Sobreviveram esquecendo, escrevendo, mentindo. Inventando. É por isso que nunca os achei normais mesmo. Quem poderia escrever tão magnificamente sobre sentimentos sem tê-los experimentado em dor e prazer alguma dia ? Sentiria. Existem poetas ao lado do avesso, eu sei. Mas esses talvez não sejam os mesmos poetas que tiveram a sensacao que eu achei que tive hoje, a de poeta de verdade. Fico losonjeada de tê-la recebido assim, nem tão inesperada. Mas lisonjeada de poder morrer sabendo. Experimentar não faz mal. Mas o vício disso é que deve ser causador do envelhecimento precoce, e do seu fim precoce também. Melhor sublimar e morrer de tuberculose, creio que pensavam. E faziam. E sofriam, e escreviam, e nos faziam, e fazem, acreditar ainda como tudo são flores apesar dos espinhos da rosa. Fazem-nos acreditar que existirão pedras no caminho, que não existem distância entre olhares, e otras tantas baboseiras que que não sentiu, não entende.
Eu acordei, e resolvi concordar com um poeta, talvez não por ele ser o melhor, mas por ter sido simplesmente o primeiro que me veio a mente. Nem sei se é poeta de verdade, se sentiu e nem morreu ainda. Mas eu não posso dizer com o que concordei. Não posso dar corda, con-cordar deixa de ser meu. E a palavra, por mais que seja muito parecida com a do concordado, não é dele. É minha. E eu não quero morrer disso.

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