sábado, 6 de novembro de 2010

Oco!

Abriu a geladeira. Fechou. Abriu de Novo. Fechou, sem que desse tempo da luz acender. Lembrou que houvera esquecido de fazer seu exercício de relaxamento pela amanhã. Foi como se tivesse a certeza, mesmo esta já sendo certa, que houvera esquecido de si. Esquecera de si. Sentiu raiva por esquecer de si. E se apagou mais rápido que a luz da geladeira há pouco. Atendeu o telefone, esqueceu da raiva, do relaxamente, de si. Conversou, riu. Marcou e desmarcou compromissos. Sentou, pensou no que deveria escrever. Não foi de repente, mas descobriu um cérebro oco. As paredes deossos preenchidas de vazio. O que sobrevivia ali? Que palavras adjetivariam aquilo que não poderia ser nada além de OCO?
E assustou-se, comentendo mais um erro ao tentar vangloriar-se do que é, ou iludir-se de que é algo. Se pôs sobre os demais. Se seu cérebro era oco, e o cérebro do fulano? Seria oco, oco, oco... com ECO? Talvez nem houvesse eco, não haveria obstáculo pra criá-lo. Seria oco e infinito, exponelcialmente oco. E esquecia-se cada vez mais que tudo era ilusão.

Inclusive imaginar um crânio repleto de eco pertencente a outrem.
Inclusive acreditar que pensava enquanto escrevia.