sexta-feira, 29 de maio de 2009

Laranjeira em Flor

Ao tocar os flancos da beleza
E cutucar as reentrâncias deste medo
Sentirão sede de lágrimas
Aqueles que nunca choraram

E do choro encherão os rios
E dos rios as margens
E das margens brotarão sementes
E, das semente, as flores

As flores de laranjeira

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Morra de Saudade

Se não for dito assim:
"eu quero, sou tua"
"o jardineiro é meu"
"aceito o beija-flor"
"adormeço na grama"
"é meu o pé de buriti"

...

Se não for dito assim:
"sou tua antes de mim"
"toma meu ser florido"
"o amor é sem mistérios"
"unta-me de poesia e mel
sem volver a los 17"

...

Se não for dito assim:
"tenho saquinho de areia"
"abre a porta de cedro"
"aceita o teu talismã"
"habitas em mim sem fim
sem ontem nem amanhã"

...

Morra de saudade
se não for dito assim


sexta-feira, 22 de maio de 2009

Tanto

Porque já estavas em mim antes de mim
Esse jardim se fez de luz e contemplação
Enquanto brotavam de teus olhos as flores
De todas essas veredas nem tanto ocultas
Que um dia eu haveria de buscar sem asas

Toma o meu ser
Mas perdoa-me
Por te amar tanto

sábado, 16 de maio de 2009

Demora!

Tempo, vento. Sento
Espero, me atento.
E nada. Só passa.
Que raça!

.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

“Uma casa dividida não pode parar em pé"

Aos UNIRversitários:

A política conservadora e a política 'revolucionária' dentro da UNIR [Fundação Universidade Federal de Rondônia] não conseguem se UNIR [ai, trocadilho infame] nem pela bendita causa nobre: MELHORIA DO TRANSPORTE PÚBLICO!

Enquanto alguns passarinhos já quebraram ônibus, outros seguem no discurso "Não podemos destruir ou pichar patrimônio público. Isso é crime..." e blá blá blá.
O interessante é que a parte protetora dos muros públicos [em sua maioria] não participa de reunião, não dá as caras, não dá ideia, não se movimenta e depois do feito vem com discursinho burguês e conservador.

Após a manifestação da "parte revolucionária", onde DOIS ônibus foram "destruídos" [drama a parte, só foram quebrados alguns vidros e feitas algumas pichações], a frota, que antes era de 4 ônibus para a UNIR, diminuiu para DOIS. O que fez com que a casa ficasse [mais] dividida [ainda] . As empresas de ônibus, o prefeito, a secretária municipal de tranporte agradeceme outros setores responsáveis. E os alunos repetidores de discurso da ideologia dominante ficaram "revoltados" com a consequencia do ato dos "revolucionários". É óbvio que enquanto a CASA não se UNIR sofreremos os abusos e as irregularidades ainda. É aluno contra aluno! Assim não melhoraremos a qualidade do transporte público, não conseguiremos a diminuição da tarifa absurda que pagamos e muito menos poderemos brigar pelo PASSE LIVRE!

"Casa dividida não pode parar em pé".

Ou talvez fique, em pé.Em pé e num ônibus, lotado, às 14:00H, com gente passando mal, tendo crises de asma, chegando na Universidade cheiroso de suor. Repleto de calor humano!
A noite é mais fresquinho. Entratanto, ônibus de uma em uma hora.Ou seja.. Perdeu ? Perdeu mesmo, pelo menos 1º tempo.

Agora, parar não para mesmo! Principalmente se o ônibus já estiver lotado e em horário de pico, Aí você fica lá, na parada, esperando pelo próximo ônibus. Afinal, você não precisa ver o 1º tempo de aula.

Lembrando, que o papel do universitário não é melhorar somente 
o próprio transporte, o CAMPUS UNIR, mas o transporte público da cidade de Porto Velho... Mas isso é assunto mais complicado, já que os portovelhenses só abrem a boca para reclamar aos ventos. Quando têm a chance de reclamar a quem pode resolver o problema ficam mudos. 

A cidade está aqui... mas talvez seja uma cidade fantasma...

As fotos que seguem foram tiradas na tentativa de uma manifestação que decepcionou seus organizadares pela ausência dos intitulados populares!
Poucos alunos universitários e alguns secundaristas tentaram. 
Outros tantos políticos se aproveitaram da situação utilizando-se do microfone como instrumento para sua promoção politiqueira.
Infelizmente, essa minoria manifestante não conseguirá resolver o problema da "PÉROLA DO MADEIRA". 
Principalmente se os portovelhenses permanecerem mudos - como múmias paralíticas.



quarta-feira, 13 de maio de 2009

Cinza Não!

Esse tempo que me exaure.

Nem chega e logo passa.

É angustiante!

 

O tempo me desgasta

Me deprime, me cansa.

É angustiante!

 

O tempo médio

O termo médio

São coisas inúteis!

Ser mediano é inútil!

 

Ou se é preto

Ou se é branco.

Detesto tons de cinza!

 

Cinzas são indecisos demais

Normais demais.

Comuns.Cinzas são usuais.

 

Gosto do exagero.

Eu o sou.

Ou quero demais ou não quero.

 

O tempo médio

O termo médio

São coisas inúteis!

Ser mediano é inútil!

 

Ou estou do lado de cá

Ou do lado de lá,então.

Mas o muro, o meio, não. Isso não.

 

Eu gosto de exagero.

Cinza não é exagerado.

Vive fingindo ser preto.

Ou fingindo que é branco.

Cinza é médio.

E angustiante!

terça-feira, 12 de maio de 2009

O Jaleco.

Eu amo o meu jaleco. Ele é lindo, branquinho, e tem o meu nome bordado no lado esquerdo do peito! Eu adoro o meu jaleco. Não só porque eu preciso, mas por que eu adoro mesmo!
Meu jaleco transpõe todo o meu conhecimento, todo o meu saber. Eu, estudante, adoro o meu jaleco!
Meu jaleco faz com que os garotos ou as garotas olhem pra mim e pensem: "Olha, ele é da área da saúde". Penso que meu jaleco me deixa mais inteligente, mais bonito, charmoso. É por isso que adoro meu jaleco!
Eu uso jaleco, participo de aulas de anatomia, tenho várias fotos com os cadáveres do laboratório postadas no meu orkut! E daí que eu lido com produtos perigosos e coisas nojentas no laboratório? Meu jaleco me protege. Então eu passo a adorar mais o meu jaleco e perambulo por aí com ele, pelos corredores, desfilando meu amor pelo meu jaleco.O jaleco serve para me protger no laboratório. Dos pêlinhos de ratos, da química utilizada. Fica tudo no jaleco! Mas eu saio, adorando meu jaleco, para ir até a lanchonete da Univerisdade.Afinal, não posso ser confundido com um aluno da Letras, ou da Geografia. Da História muito menos! Eu uso jaleco! Sou superior. Eu e minha vestimenta branca que causa esse poder simbólico que todos desejam. Eu adoro o meu jaleco! Adoro desfilá-lo. Eu, estudante que uso jaleco, sou superior e mais importante por usar jaleco. Entrei na faculdade pra isso. Entrar e não usar jaleco... que fotos colocarei no meu orkut? E as aulas e anatomia ? E os cadáveres?
Eu adoro o meu jaleco, é isso que importa!

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segunda-feira, 11 de maio de 2009

Eu, Zeugma.

Ingênua escrupulosa de linhas 

R
E
T
A
S

E moça de uma tangente só. A que vê no verão

T
  A
    N
      G
   R  E T A 
          N
            T
              E
Do beijo aprendido, prendido.
                    T
                 A
              N
          G
A T  E R
      N
   T
E tanta gente perpendicular
Perpen-ridicularizando.
Deixando os principais vértices elípticos.
Elípticos dos verbos matemáticos.

Gosto do triângulo.
Destesto gente quadrada
Que quer ser quadrada
Que quer ser quarto vértice.

Sou aresta, sou reta e sou vértice.
É aresta, é reta e é vértice.
És também aresta, reta e vértice.
Uma é reta base. Dois sustentam.

Deixemos a geometria da escrupulosa
Vamos à elipse do verbo, o princípio.
Conjugado: eu te verbo. Eu também.
Mas eu não verbo. Eu, zeugma.

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sábado, 9 de maio de 2009

Comigo!

Haverá de escolher o abandono
De quem te sente
Te respira, aspira
Transpira, inspira

Que ira!
Que falta
Espera árdua.
Ausência
Demência, ardência

Te suplico!
Triplico
Multiplico

Mas fico.

Que vá
Que venha
Atrase
Demore, apresse
Adiante


Só não se esqueça:

- Jante!

...

saudade

marcelo camelo

Composição: Marcelo Camelo

Ai, ai
Vai ver é só você
Ai, ai
Vai ver é só você querer
Distante, imaginar
Caberia a quem dizer:
"Amor, eu vivo tão sozinho de saudade"


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sexta-feira, 8 de maio de 2009

A vida é breve, moça

Livra-me do desejo de afagar teus seios
De emergir boto encantado
De ouvir gemido de rio entrecoxas

Acolhe no teu colo esse cântaro
Renova-me na água pura de tua fonte oculta

A vida é breve, moça
Livra-me de ouvir a tua voz
De imaginar tua língua imersa em mel

Livra-me do brilho de tuas jabuticabas
Daquela curva sinuosa
Onde repousa minha imaginação

A vida é breve, moça
Livra-me do fumo
Da saudade
Daquele beija-flor
Deste grão que debulha minha mão
Da noite longa e do medo

Sinta no teu corpo essa canção
Restaura-me em ferro
Refúgio e luz

A vida é breve, moça
Livra-me do teu quadril
De tuas mãos

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Primor e eu

És sutil, criatura magnífica
Tão colorida quanto a borboleta
Ao passear no crepúsculo infinito

Oh criatura de Deus
Teu olhar me entorpece
Revela maravilhas que ninguém vê

Imagina o arco íris 
Numa caixa de mel
Com laços de licor
A seguir trilhas de maçãs argentinas

Imagina, ainda, no crepúsculo
Desfilarmos a sua cor

Não sou belo
Nem  mais que belo
Mas posso criar as maçãs argentinas
Aquelas que trilham o teu caminho

Posso pintar o céu
Criar o crepúsculo
Torná-lo infinito
Infinitamente belo

Te darei os presentes mais doces
Ou mais amargos, como preferir
Se não aceitas a caixa de mel
Darei de fel

Se não queres os laços de licor
Poderão não ter laços
Nem vermelhos
Nem azuis
Como teus tons

Cada criatura com sua beleza
Cada criador com seu caminho
De pétalas
De maçãs
De fios de seda
De primor

sábado, 2 de maio de 2009

Quebras

Cadê a tua timi
Dez Vezes te pergun
To mando um gole de ca
Felicidade.

Cadê teu amor to
Louco, Louco, Pou
Coração. Dor
Mente de Senti
Dos mais chulos.

Cadê teu amor no Rá
Dionisíaco, Diri
Mente. Au
Sente, em tudo.

Eu estou A
quilina. Vo
Ando Pensa
Ando. Em ti.

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sexta-feira, 1 de maio de 2009

Vermelho e preto, azul, branco.

Hoje lembrei da moça morena que passava, trajando uma blusa listrada, horizontalmente nas cores vermelha e preta, usava óculos, tinha os cabelos curtos, negros com mexas acastanhadas. Passou por mim e quase sorriu. Não durou 2 segundos.
Depois que olhei pra tal moça morena, vi outra moça, mais baixinha agora, parecia ir para o trabalho. Uma bolsa carregava aos ombros, usava uma blusa azul, gola pólo, calça jeans. Ela certamente não me viu.
Aí reparei no cara que havia descido junto comigo do ônibus caminhando ao meu lado, apressado. Mexia no celular, andava rápido e usava uma camiseta branca. Levava uma mochila nas costas. Ele me viu, mas não escreveria sobre mim.
O que a moça da blusa azul carregava na bolsa ? Será que era maquiagem, contas a pagar, cartas de amor. O que ela tinha feito antes de descer do ônibus? Onde ela morava? Eu não sei. Assim como não sei para onde a moça da blusa listrada caminhava, nem tenho certeza se o cara que tinha uma mochila estudava.
São muitos rostos, muitas vidas, muitas bolsas, muitas mochilas. Um ou outra famosa, mas tantas desconhecidas. 
Onde está a vida de quem não se conhece ? Na bolsa da moça de azul ? Na Mochila do cara de branco? Sabe lá a carga que lá havia! Quantas histórias, quantas pessoas, quantos lugares...
Será que eles gostavam de joaninha como eu ? Será que escreviam ? Foi um dia tão normal, não fossem as três pessoas que eu observei, por menos de dois segundos.
Será que os sentidos são iguais? Será que a dor é dor, a cor é cor, o prazer é o prazer. Que fisiologia maluca essa dos corpos iguais e diferentes. De sentidos, de sentimentos, de moral. Moralidade, imoralidade, quem te inventou?
A moralidade que não me permite conhecer todos os corpos, todos os gostos, todos os prazeres, todos os toques, tantas e tantas coisas. São tantas que nem conheço! 
E se a menina da bolsa azul tiver uma história fabulosa? Ninguém nunca poderá descobrir. A não ser que espere por ela na parada de ônibus.
Mas eu não lembro a hora, nem se ela costuma ir lá. A verdade é que ninguém sabe de nada!
Que somos nós neste vasto universo? Nem o chaveiro da bolsa da moça! Nem o parafuso do óculos da que vestia blusa listrada. Muito menos o celular do cara de branco.
Eu gostaria de ter uma mochila universal. De onde eu pudesse sacar tudo aquilo que quisesse descobrir. Pudesse sentir todos os sabores, todos os cheiros, todas as características de nossos sentidos. Cada uma delas, de cada ser. Não é possível que sejam iguais!
É aquela impressão de não ser quem se vê no espelho. A impressão de que só você sabe temperar o feijão daquele jeito. Somos todos impressões de nós. E impressões dos outros.
É só isso, tão simples, tão insignificante. Somos seres microscópicos.
Ainda da mochila gostaria de poder saber de todos, de cada história, cada prostituta, cada diplomata, cada presidente, cada mendigo. Sentem-se do mesmo modo?
Será que o mendigo sente o mesmo tesão que o diplomata? Será que a nossa excitação é igual? O mesmo arrepio?
Independendo de paixão ou amor: O gosto da língua, é igual ?

Eu só queria a mochila universal. De lá poderia sacar quem quisesse. Beijar, tocar, assassinar. Cometer as loucuras e os crimes que por vezes sublimamos. E como a mochila seria minha, quem poderia então me incriminar? Ninguém poderia fazê-lo por eu ter sacado algo de minha própria mochila algo meu.
 Ali, meu mundo ambulante repleto de tudo e de todos. Da moça de azul, do cara de branco, da morena de blusa listrada...