terça-feira, 27 de agosto de 2013

Havia um tigre.

Certa noite sonhei com centenas de túmulos. Todos eram meus, de alguma parte de mim. Uma parte não física, eram partes de legiões e de seres que me habitam. Cada ser ia visitar seu túmulo, cavava, cutucava e algo tentava recuperar. Todos usavam fantasias. Havia uma parte Kill Bill, outra urso panda. Algumas partes se engalfinhavam, outras se auxiliavam e de repente, num cemitério cheio de grades, havia terra pra todo lado. Partes fantasiadas a perder de vista. E lembrei do sonho anterior, em que eu cuidava de um tigre como se fosse um gato. Acariciava, dava comida na boca, andava pela casa. E lembrei também que o Tigre guardava minha casa, cercada de grade.
Onde estava o tigre, que não protegeu minha casa dessas partes fantasiadas que tudo foram bagunçar? Mexendo em túmulos e espalhando terras pra todo lado, sabendo que delas nada se podia salvar!?
Acho que o Tigre não adormece, mas às vezes sai pra passear...

quarta-feira, 27 de março de 2013

Sol e Verão. Noite e Constelação.

A tarde já estava laranjada, sol de verão.A grama, o ar, a terra, o asfalto, sol de verão. As mãos se entrelaçavam quase sem querer. Sentiam-se, enquanto as mãos deixavam as frestas laranjadas lhe atravessarem. Devagar, quase em câmera lenta. Ao passo que suas mãos se encontravam, os corações aceleravam. Sequer estariam ali,  não fosse o sol do verão. O laranjado foi sumindo, sumindo... Seus olhos cerraram-se. Nem viram o laranja sumir entre as nuvens. Então, daquele jeito clichê, as coisas pararam. Dentro de si. O murmurinho, a água do rio, as conversas paralelas. Ninguém percebia o que acontecia naquele momento. As mãos se juntaram, assim como os lábios, os rostos. O cabelo dela caindo sobre o rosto dele. Liso, escorria-lhe da mão e o fazia rir. Por ora o irritava, cabelos e beijos, que combinação! Ao mesmo tempo, que sentimento era aquele? Era só mais uma menina, não era? Por que tudo parara? Peraí, peraí, não podia estar apaixonado! Então o coração antes acelerado começara a saltar pela boca. Que susto! Preferiu parar. Respirou. Abriu os olhos. Que alívio! O laranjado virara um negro, com alguns prateados brilhantes. Mas as constelações, viu refletidas nos olhos escuros mais bonitos. O coração se acalmou. Talvez não fosse só mais uma garota...



Qualquer semelhança não é mera coincidência.


sábado, 16 de fevereiro de 2013

Ainda bem

E quando de repente penso que fica
Vem o mar e lhe tira
Ainda bem
Que mesmo mar te traz

E quando de repente penso que fica
Vem todo azul e lhe tira
Ainda bem
Que o mesmo azul te traz

E quando de repente penso que vais
Abro bem os olhos
Cruzo bem os dedos. Tranco bem os dentes, quase por não aceitar.

Ainda bem
Que todo IR é pouco
Quando se quer SER e ESTAR.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Encontrar

Há tardes em que me vejo mergulhada na alma de um viajante.

Passo por mil lugares, observo muitos olhares. Em alguns me encontro, noutros não.

São muitos os tons de amarelo, vermelhos, laranjas e azuis. Alguns refletem meus sentidos, outros nem tanto.

São odores, texturas, sabores. Alguns gravados, registrados e memoráveis. Outros só de vez em quando.

Porém, entre tantas indas e vindas, de qualquer lugar não sei pra onde, vejo as flores florindo, a chuva chovendo e o vento ventando...

Vento que leva de qualquer lugar, para um lugar de encontro.